Quando Ayrton Senna ganhava uma
corrida e fazia questão de celebrar a vitória com a bandeira brasileira, ele
sabia que estava compartilhando o resultado de sua luta individual com a o
sentimento coletivo. Ayrton servia generosamente ao povo brasileiro os frutos do
seu sacrifício. Enquanto alguns esportistas sentiam vergonha do Brasil, ele enfrentava
o mundo e retaliações da mídia européia com a honra de ser brasileiro. O povo
brasileiro é carente de heróis, capazes de dividir suas vitórias com a Nação e, assim, estimular a todos com a ideia de que "é possível vencermos".
Muitos sucumbem à troca de farpas entre opositores políticos, a quem a ambição
pelo poder é muito maior do que o amor cívico, e entram no jogo orquestrado por parte da mídia, de desvalorizar o Brasil, espalhando um gosto ruim entre os brasileiros, para
forçar a instabilidade governamental, instigando a sua impopularidade. Por
outro lado, os governantes não são prudentes no trato com o dinheiro público,
concentrando-se mais nos projetos de poder do que na honra e na qualidade de
vida da população, agindo com desonestidade, dando margem ao surgimento de
escândalos. Assim, temos um prato cheio para quem tenta a todo custo depreciar
o Brasil para dominar o Brasil. Por conta disso, estamos todos apáticos, sem
grande entusiasmo, diante da Copa do Mundo a ser realizada aqui, embora sejamos
uma das seleções favoritas. Nem lembramos direito de quando nos sentíamos vitoriosos, juntos com Ayrton. Nem como nos alegramos nos mundiais que ganhamos. Pois
colocaram um gosto ruim na nossa boca, estamos envergonhados. Apesar da tristeza, vejo um cenário
apropriado para uma grande mudança no País. Sinto tudo conspirar a nosso
favor. Percebo o quanto o povo espera por algo novo, uma esperança maior, capaz
de nos mover a todos para uma só direção. Já escrevi aqui neste blog que a
maior obra que um governo pode oferecer a seu povo é espiritual, uma obra de
comunicação. Continuo acreditando e sinto que é isso que falta ao povo
brasileiro. Primeiro, através de bons exemplos. O brasileiro precisa enxergar
uma valorização sincera das virtudes humanas, partindo dos líderes políticos e
da mídia, uma comunicação que cultive a cidadania, os bons costumes, o amor ao
próximo. Nas pesquisas qualitativas que tenho visto, a sensação do povo é de
que, no Brasil, só se dão bem os desonestos e que, aqui, “é cada um por si”. Isso
é preocupante. Os governantes deveriam buscar uma solução para mudar isso, diariamente, mas nada fazem nesse sentido. Enquanto isso, alguns opositores querem irresponsavelmente potencializar o
veneno, espalhando um sentimento ruim, em vez de apresentar o antídoto. Porém,
erram, pois em nada semeiam para uma nova esperança. Sinto que as cartas ainda
não estão na mesa do processo eleitoral. Pois o Brasil precisa urgentemente de
uma liderança nova, de um discurso novo, de um farol benevolente, apontando para um
caminho óbvio, mas que ninguém está vendo por causa do desvio dos valores e do
egoísmo cultivado pelos líderes políticos, que agem bem diferente de Ayrton
Senna do Brasil.
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