A busca frenética da sociedade pelo prazer tem sido trágica,
e nem um pouco cômica. Muitas pessoas se perdem, a exemplo dos viciados em
drogas, por um atalho qualquer, em busca do êxtase artificial. Vejo com lamento
alguns humoristas, por exemplo, tentando tirar da cartola novas formas de
provocar gargalhadas. Evidentemente que vão achar alternativas às custas de
outros. Rir da miséria alheia, coisa mais antiga... Porém, hoje é considerada
“ousada” por inconseqüentes que disputam platéia. Não defendo regras do
comportamento “politicamente correto” porque acho um absurdo estabelecer
critérios para algo que deveria brotar naturalmente do coração. É o mínimo que
um ser humano deveria fazer, lutar internamente para proteger o semelhante do
seu escárnio. Mas o pior é que a indústria de entretenimento, que também carece
de escrúpulos, procura atender à
demanda de “drogas” e, portanto, compra o serviço dos profissionais mais
audaciosos. Porque o público quer rir a qualquer custo. Falta alegria, quero
rir. O pior é que humor sem amor é tão cruel quanto as máquinas de torturas
medievais. É por isso que os humoristas estão invadindo os motivos sagrados, e
desrespeitando pessoas, como se não houvesse conseqüências, mas somente o
prazer sádico, o dinheiro e a fama. É produto do imediatismo contemporâneo esse
humor sem amor, sem o mínimo de elegância. Fosse esse tipo de humor
materializado em comprimidos, os profissionais que o praticam seriam
enquadrados na lei como traficantes.
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
Traição
Acredito que apenas uma coisa desvia o destino de um grande
amor ou de uma grande amizade: a traição. Aquele que rege os amores, que semeia encantamento entre as
pessoas, o nosso Criador, a tudo perdoa. Mas sinto que Ele dá por vencido um
amor traído. Todas as provas são para fortalecer a decisão de nos mantermos fiéis ao sentimento,
para que ele, puro, suporte todas as coisas. Uma vez, há muito tempo atrás, perguntei a Deus em
oração porque eu teria perdido, de uma vez por todas, o interesse por uma moça.
A resposta veio numa canção que ouvi, logo depois, em que o cacófato me soou
gritante: “Se outro amor surgir um dia, a valsa perde o ar, definha” (Canção
Inédita, de Chico Buarque e Edu Lobo). Eu ouvi: “se outro amor surgir um dia e
você perdoar, definha”. Ao ouvir, tocou meu coração e eu fiquei muito grato pelo
pronto atendimento da prece. Eu havia perdoado uma traição e o interesse que perdurava em mero "desejo de recuperar por vaidade" definhou. Porque o perdão liberta. Acho que um grande amor teria o mesmo destino, se a traição não for
inocente, ou seja, depois de reconhecido o verdadeiro amor, agir contra a
consciência. As pessoas se apoderam das mais poderosas desculpas: “quero ser
feliz hoje”, “nasci pra ser feliz”, “quero viver a vida”, mas não sabem de quem
ouve esses argumentos que semeiam pressa, ansiedade e amargo erro. Porque os
prazeres que esses argumentos defendem são efêmeros, não duram muito e o vazio vem
depois como o maior dos abismos. Percebo nitidamente que todo amor enfrenta
provas e apenas o amor fortalecido em Deus vence tudo. Mas Deus não pactua com
“desejos humanos” nem com a idéia de “eu mereço”. O tempo que pertence a Deus
serve para filtrar quem é do amor ou da cachaça (e da ressaca). É muito comum as
pessoas dizerem, “agora que encontrei alguém, um monte de pretendentes
apareceram”. Ora, veja que não é sem propósito. Porque você precisa se firmar na
decisão de se entregar ao amor (o que não é brincadeira), e mostrar a Deus (na verdade, a si próprio porque Ele tudo
sabe) que é fiel ao que sente. É nessa hora que aparece quem troca,
conscientemente, a promessa de um amor abençoado pelo brilho fugaz da vaidade
ou da luxúria; ou quem troca a felicidade pela facilidade, pautado pela pressa, a conhecida inimiga de Deus. O amor a tudo vence, creio nisso, mas imagino: desde que não seja ferido profundamente de dentro pra fora e, assim, marcado pra sempre por
uma traição.
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
Valores
Arnaldo Jabor é como meu pai que vivia dizendo que eu não gostava de
estudar, de tal forma que eu me convenci disso por muito tempo. Mas meu pai era
inocente quanto a isso. Matava um pedaço de mim, sem saber. Acho que isso
também acontece com Jabor, tão perdoável quanto meu pai, que faz o mesmo com o
Brasil, quando desfere um leque de críticas. Confia tanto no seu poder de observação que nem vacila ao chamar o
brasileiro de bobalhão, desonesto e vagabundo. Lamento muito o posicionamento
do cineasta e colunista porque considero destrutivo todo tipo de comentário que
acaba com alguém ou com um povo. O povo brasileiro está perdendo há muito
tempo, mas nos filmes de Rocky, o pugilista perdia o tempo todo, antes da virada
no êxtase do filme. Estou falando de cinema para ele entender melhor a minha
contra argumentação, embora eu saiba que nem vai ler o meu humilde artigo no
invisível blog. Tem nada não... Não escrevo necessariamente para lhe convencer
que reconsidere, já me conformo se levar um leitor a refletir sobre o assunto,
mesmo que não concorde comigo. Mas tenho que colocar pra fora o que senti
quando li as suas críticas. O espírito de cidadania de um povo é como o
emocional de uma criança: ou você anima ou mata. Vejo valores no povo
brasileiro que escandalizam qualquer burguês, competidor e ávido pelo poder do
dinheiro e pelo status. O brasileiro é pacífico (não reage às humilhações das
classes dominantes), tem credulidade (por isso é enganado), tem fé, espera em
Deus (o que é confundido com vagabundagem ou preguiça). Não vou falar de
honestidade porque o maior problema do Brasil é a ausência de bons exemplos
projetados pela mídia. Quem nada contra a correnteza, ou seja, opta por uma
vida honesta e verdadeira, é tão criticado pelo sistema, quanto o Brasil por
Jabor. Mas os perseguidos, está escrito, são o povo do Senhor, nosso Deus. Então,
apesar das inúmeras tentativas de humilhação, o povo brasileiro é mais que
vencedor. Já sofreu demais e despertou a misericórdia de Deus.
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
Infiltração
Neste momento em que enfrento uma forte dor muscular por me
recusar a fazer infiltração, sinto uma concorrente dor emocional por não conseguir evitar a suspeita crescente de que a morte do
cinegrafista da Band fora realizada por “infiltrados” nas manifestações. O garoto
que se entregou me parece um pobre dublê sob ameaças (tamanha a piedade que me
desperta) ou, no mínimo, inocente no meio do incidente. Por outro lado, cresce
minha esperança de que, infelizmente com a morte trágica de outro inocente, o
fato pode trazer à luz uma atuação desonesta, talvez comandada pelos detentores
do poder fluminense. Está fácil supor que, para justificar a violência policial,
legitimando-a na repressão dos protestos, procuram indispor a imprensa e a
opinião pública com os manifestantes. É muito comum entre governantes e seus
assessores, quando cegos na arrogância e ávidos por manterem o poder, acharem-se muito
inteligentes e capazes de manipular situações. Sequer cogitam que a fraude
possa sair pela culatra, tamanha a prepotência. Suborno e ameaças (inclusive de
morte) trabalham em equipe para garantir aos fatos as versões que convêm, mas a
verdade, sempre cri e continuo confiando, é soberana e vem no tempo certo. É
evidente que as manifestações que acontecem desde o ano passado são
espontâneas, e se revelaram um bem-vindo fenômeno político. É previsível,
portanto, que, em pouco tempo, movimentos voluntários como esses sejam, em parte, manipulados por forças políticas organizadas. Geralmente, por quem está no
poder, com o intuito de desqualificar os atos políticos e minimizar os efeitos
na opinião pública... Mas também pelas oposições que tentam capitalizar e direcionar
as manifestações para que atinjam diretamente os seus adversários e
desestabilizem governos. Infiltrar pessoas mal intencionadas entre os legítimos
manifestantes para criar fatos desconcertantes ou abomináveis também é
previsível. Achei muito curioso o insistente
posicionamento do advogado dos suspeitos, de desqualificar as manifestações, dizendo
ser um deles "aliciado", apontando “diretórios de partidos políticos” como possíveis
contratantes, depois de ter citado um deputado de oposição. Com essas observações,
convido o leitor a meditar sobre os fatos e colocar um pé atrás. A imprensa
precisa ponderar e questionar mais, não aceitar as investigações apressadas. A
polícia civil fluminense parece ter pressa para concluir o inquérito (promete
fazê-lo até amanhã, sexta-feira, 14) e não está questionando a estranheza das facilidades.
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
Sem pressa
Não é apenas na política que a ansiedade induz a erros
irreparáveis. Aprende-se na própria vida que a precipitação, filha da
ansiedade, costuma causar danos lamentáveis. Se a paciência é considerada
umas das mais altas das virtudes, e sabe-se que provém da fé, a pressa tem a
marca do desespero e costuma cegar, atropelar, com insensibilidade sobre o “tempo
certo para tudo”. Exalto a paciência como introdução do que digo
agora: o cenário político no Brasil não está definido. Principalmente os
partidos menos comprometidos com as pré-candidaturas à Presidência, articuladas
até agora, precisam saber esperar. O fenômeno do ano passado, das manifestações
populares nas ruas das capitais e algumas cidades do interior, precisa ser
melhor compreendido: algo está mudando no Brasil. Os detentores ansiosos do
poder costumam se anestesiar com afirmações apressadas: “são vândalos
articulados pela oposição”. Os beneficiários da aparente impunidade,
acostumados com a zona de conforto que os enfraqueceu, minimizam: “é um fogo que
se apaga, não dá em nada”. Mas a verdade é que o sintoma é claro, a sociedade
brasileira quer uma mudança mais profunda que as propostas até agora. O que se vê, por enquanto, são alianças que
fortalecem as candidaturas em nível de classe política, mas não as liga de maneira autêntica ao
povo. Aliás, vejo-as bem distante. Há um fator emocional, embrionário, sendo ignorado pelas análises. Vemos articulações por coligações partidárias, mas nenhum partido se coligando
com o povo... Sugiro aos dirigentes partidários que não pensem com a mesma
mentalidade de sempre, e tenham paciência de esperar o momento certo. Nestas eleições, vejo um plano divino e um propósito de levantar o País. Creio que a vitória pertence a quem pensar, falar e agir diferente, sensata, mas inusitada, idealista, e com muito respeito ao eleitor. Sonho com uma
candidatura emergida das ruas, das bases, comprometida com os anseios da população
sofrida e desrespeitada do Brasil.
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