quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Mágica

Sempre que era procurado por políticos inexperientes à beira de processos eleitorais, geralmente indicado por algum entusiasmado amigo, esses se mostravam ávidos pela fórmula secreta (ou mágica) para ganhar as eleições. Confesso que não fechei 95% dos negócios porque, sinceramente, minha intenção não era agradar. Eu poderia dizer, “deixa comigo” ou simplesmente dar uma risadinha inteligente, fazer o tipo “galã confiante” e deixar a imaginação do ansioso trabalhar a meu favor. Em vez disso, eu desbancava sua expectativa sobre a capacidade do marketing de fazer mágica. Muitos questionavam, um pouco envergonhados, se eu sabia fazer “maldades”... Eu já os advertia, talvez com outras palavras, que “maldades” costumam sair pela culatra e que eu não era suicida. Quando o cliente já estava com todas as suas expectativas frustradas, e perguntava então o que eu poderia fazer para ajudá-lo a ganhar a eleição... Com outras palavras, certamente, eu dizia: estarei do seu lado com a consciência de que não existe uma fórmula pré-determinada e de que eu nada sei. Com isso, terei a sensibilidade ideal para compreender a realidade em constante mutação, terei humildade para ouvir com atenção e respeito a todos da equipe, e lhe propor soluções criativas, improvisadas, a cada momento da campanha. O cliente ficava decepcionado e preferia contratar aquele outro marqueteiro que disse saber como ele iria ganhar a eleição.

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