segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Efeito


Em 2001, falei a um prefeito que sua imagem não era projetada apenas pelas suas aparições em público e suas entrevistas aos jornais. Então, adverti que seu comportamento perante os assessores, um dia, chegaria ao entendimento da periferia da cidade e os seus pequenos atos retornariam como um eco do que fez. Exemplifiquei a projeção dos seus atos com o exemplo de uma pedra que se joga no meio de um grande lago... As ondas provocadas pelo impacto podem demorar a chegar à margem, mas uma hora chega. Sem falar tudo o que pensava para não ofendê-lo, imaginei, na época, que, ao ser injusto (leia-se exigente demais, intolerante, autoritário) com um assessor, este chegaria em casa de mal humor. Tudo que ele conteve de reação para não perder o emprego poderia ser despejado em casa, sobre a mulher e os filhos (isso é comum). Os filhos ganhariam o mal exemplo e levariam aquela cena para o resto de suas vidas (poucos superam com plenitude fatos assim). A mulher iria no outro dia de mal humor para o trabalho e trataria mal os colegas e, estes, com o estado de espírito afetado pela forma como foram tratados, na vez deles, fariam o mesmo em casa e não se sabe a quantidade de conseqüências da pequena injustiça do ato do prefeito. Ser autoridade não é fácil. Que aconteça, portanto, por vocação e não por ambição. Sugiro a todo homem ou mulher que pretende liderar um grupo, seja pequeno ou grande, que saiba lidar com suas emoções e busque na espiritualidade o verdadeiro equilíbrio. Tenho visto muitas teorias a respeito de comportamento positivo. Mas creio que a melhor forma de ser é não fingir. Os bem-intencionados conselhos, tipo “sorria” ou “vista uma roupa bonita e vá à luta” ou “procure ter sempre pensamentos positivos”... Sinceramente, não resolvem. Temo que, inconscientemente, as pessoas queiram um atalho para o “sucesso” e busquem a cura dos sintomas sem curar a doença. Um dia a casa cai. A sujeira debaixo do tapete aparece. É preciso se entregar ao Criador com arrependimento pelas transgressões. Para sorrir de verdade, acredito, é preciso chorar de verdade, arrepender-se. O esforço para esconder o choro é inútil e muito desgastante, piorando a situação. A busca do equilíbrio precisa ser autêntica e o pior caminho é a maquiagem, tentar parecer que está bem quando ainda não está. Para um líder, o comportamento forjado é fatal. Receio pelo destino de quem faz o mal a muitos. Quanto mais autoridade, maior a responsabilidade de ser autêntico. Quem alcança um posto por fraude tem o problema de ter que se esforçar muito para esconder sua verdade. E mesmo assim terá que lidar com as conseqüências do “efeito borboleta” dos seus grandes e pequenos atos.

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