As pessoas vivem aconselhando: Ame-se. Valorize-se. Meu
Deus, será que não vêem que é um discurso maléfico? Não percebem que isso se
ampliou nos anos 80 e carregou multidões a cultivarem o ego? Como se o que
falta ao ser humano é olhar para si, quando na verdade o problema é exatamente
esse: olhar apenas para o próprio umbigo, satisfazer seus interesses mesquinhos
em detrimento do próximo, ser egoísta, passar por cima das pessoas para
alcançar seus objetivos. Veja se não é o egoísmo o nosso maior inimigo. O culto
a si é o mesmo que dizer: o meu deus sou eu. E esse culto, de amar a si mesmo, nos leva a inevitavelmente
dar o tiro que dispara a corrida, a competição: serei melhor que os outros. Ao
competir, não amamos, pois estamos sempre nos comparando ao outro (como Caim o
fez). O melhor conselho é o que contrapõe a esse péssimo “ame-se”, é o que diz:
“ame a Deus acima de tudo”. Quando colocamos Deus no lugar certo, em primeiro
lugar, tudo se acomoda com justiça, inclusive sua dignidade. Até o amor ao
próximo é inerente. Ao desenvolver o amor por Deus, o que só se alcança num bom
e estreito relacionamento de entrega, reconhecemos o amor Dele por nós (que é
melhor do que se amar, saber que é amado por Deus). O que está escrito no
Antigo Testamento, amar ao próximo como a si mesmo, refere-se, ao meu modo
de ver, a um parâmetro que
estabelece a igualdade do amor de Deus a nós, para que não haja competição.
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