Quem costuma dizer que não leva desaforo pra casa deveria
rever o conceito, pois revidar uma ofensa é um dos mais graves erros. Quem pretende
servir à comunidade ou a um grupo de pessoas precisa aprender a controlar o
ímpeto e impedir-se de pagar o mal com o mal, deixando de lado o precipitado
“bateu, levou”. Aliás, era a estratégia de comunicação do presidente Collor.
Todos vimos no que deu. Eu também adotei esse estilo como assessor de imprensa
do prefeito Clóvis Chiaradia, de Ourinhos, entre 1989 e 92, e percebi o erro ao
longo do tempo. A batalha mais importante da nossa vida acontece dentro da
gente. O bom combate é contra o nosso ego, justamente o que em nós se ofende
com provocações alheias. Todo desaforo, portanto, é uma ótima oportunidade para
que o ego apareça. Porque é ele quem diz dentro da gente: “precisamos dar o
troco”. Quem vigia a si mesmo percebe o que se levanta conforme a ofensa. O
maior de todos os líderes, nosso Senhor Jesus Cristo, nos ordena a perdoar,
disponibilizando a todos, portanto, um dos maiores poderes ao alcance do ser
humano. O perdão tem um poder transformador. Ele nos ajuda no bom combate
porque perdoar é não obedecer ao ego e sim à voz de Deus, e ajuda o seu ofensor
a se corrigir. O perdão atordoa o mais agressivo dos provocadores, oferecendo a
oportunidade de tomada de consciência. Assim sendo, levar desaforo pra casa é
um ato de coragem e força. Não revidando a ofensa nem agindo para retaliar o
“adversário”, você está dando uma importante contribuição na vitória do bem
contra o mal. É preciso atentar para que esse ato não seja somente por
aparência, como fazem os vingativos que deixam o “troco” pra depois. Nem que
seja, por exemplo, por medo do oponente. Pois o ego vai lhe convencer da humilhação
“inaceitável” e o mal pode acabar ressurgindo mais forte do que na origem, e pode
ainda se multiplicar em outras pessoas. O perdão é um processo que, dependendo da
ofensa e da sensibilidade do ofendido, pode ser lento. Mas a decisão de
obedecer a Deus é digna e o bom combatente pode ter certeza de que contará com
o poderoso apoio do Criador. Uma vez vitorioso, devemos dar graças ao Pai pelo
episódio superado. Por mais que naquele momento nos pareceu desrespeitoso,
impiedoso até, jamais teríamos vencido o mal em nós, sem a grande oportunidade
do desaforo.
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