quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Infiltração


Neste momento em que enfrento uma forte dor muscular por me recusar a fazer infiltração, sinto uma concorrente dor emocional por não conseguir evitar a suspeita crescente de que a morte do cinegrafista da Band fora realizada por “infiltrados” nas manifestações. O garoto que se entregou me parece um pobre dublê sob ameaças (tamanha a piedade que me desperta) ou, no mínimo, inocente no meio do incidente. Por outro lado, cresce minha esperança de que, infelizmente com a morte trágica de outro inocente, o fato pode trazer à luz uma atuação desonesta, talvez comandada pelos detentores do poder fluminense. Está fácil supor que, para justificar a violência policial, legitimando-a na repressão dos protestos, procuram indispor a imprensa e a opinião pública com os manifestantes. É muito comum entre governantes e seus assessores, quando cegos na arrogância e ávidos por manterem o poder, acharem-se muito inteligentes e capazes de manipular situações. Sequer cogitam que a fraude possa sair pela culatra, tamanha a prepotência. Suborno e ameaças (inclusive de morte) trabalham em equipe para garantir aos fatos as versões que convêm, mas a verdade, sempre cri e continuo confiando, é soberana e vem no tempo certo. É evidente que as manifestações que acontecem desde o ano passado são espontâneas, e se revelaram um bem-vindo fenômeno político. É previsível, portanto, que, em pouco tempo, movimentos voluntários como esses sejam, em parte, manipulados por forças políticas organizadas. Geralmente, por quem está no poder, com o intuito de desqualificar os atos políticos e minimizar os efeitos na opinião pública... Mas também pelas oposições que tentam capitalizar e direcionar as manifestações para que atinjam diretamente os seus adversários e desestabilizem governos. Infiltrar pessoas mal intencionadas entre os legítimos manifestantes para criar fatos desconcertantes ou abomináveis também é previsível. Achei muito curioso o insistente posicionamento do advogado dos suspeitos, de desqualificar as manifestações, dizendo ser um deles "aliciado", apontando “diretórios de partidos políticos” como possíveis contratantes, depois de ter citado um deputado de oposição. Com essas observações, convido o leitor a meditar sobre os fatos e colocar um pé atrás. A imprensa precisa ponderar e questionar mais, não aceitar as investigações apressadas. A polícia civil fluminense parece ter pressa para concluir o inquérito (promete fazê-lo até amanhã, sexta-feira, 14) e não está questionando a estranheza das facilidades.

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