sábado, 1 de setembro de 2012

Amigo sincero

Fui contratado, certa vez, para dar consultoria a uma chapa candidata à presidência da OAB de um estado do Centro-Oeste brasileiro. A campanha já estava em andamento quando cheguei à cidade e me reuni com os coordenadores e publicitários da campanha. Levei em mãos uma pesquisa realizada pela APPM, um dos melhores institutos do Brasil, e fiz um diagnóstico, apontando as dificuldades e o quanto deveríamos ousar para obter chances de vitória. Ouvi do publicitário: “nossa pesquisa está melhor que a sua”. Ora, ele se referia à diferença do candidato para o que estava em primeiro lugar na preferência dos profissionais, bem menor que na pesquisa que eu apresentava. Então, argumentei: “mesmo que esta pesquisa não tivesse sido feita por um instituto de credibilidade, eu aconselho os senhores a considerá-la porque apresenta o resultado mais pessimista. Que mal ela faria, se só propõe que trabalhemos mais”? Eles se entreolharam e eu arrematei: “Rejeitar esta pesquisa é o mesmo que virar as costas ao amigo sincero e preferir ouvir o bajulador”. Fiquei tão entusiasmado com os argumentos que sai da reunião com a certeza de que minha estratégia seria aprovada. No outro dia, recebi o telefonema com a notícia: “recusamos a sua estratégia, preferimos continuar como estamos”. Fui embora da cidade e vi de longe a chapa ser derrotada. Fiquei triste porque não pude ser útil.

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