A crise de confiança da sociedade brasileira se arrasta por
muitos anos e tende a piorar, se não houver uma mudança radical no
comportamento dos políticos deste País. Considero carisma como uma capacidade
de inspirar confiança na primeira impressão. Este fator é um importante capital
político porque a credibilidade é a base da liderança. Ninguém segue a quem não
confia. Até o chefe dos ladrões precisa da confiança dos seus comparsas e o
“crime organizado” conta com isso para fazer jus ao sobrenome. Mas os políticos
deveriam contar com a confiança do povo e não somente dos seus cupinchas ou dos
cúmplices que nem precisam ser necessariamente correligionários. Fica a classe
política brasileira contando apenas com o apoio da própria classe. Troca
acusações de tal maneira que é como se dissesse ao povo: “Ninguém se salva, mas
vocês são obrigados a votar, então tampem o nariz e votem”. Mas, no fundo
mesmo, ninguém entrega ninguém porque os parceiros empresariais são os mesmos, e
gozam de uma aparente paz, sob essa proteção corporativista do sindicato
informal dos políticos e dos “fornecedores” do país mais roubado do mundo. Não
percebem que o mar está calmo, mas nas profundezas algo está se mexendo em
silêncio e os navegantes de óculos escuros e trajes de banho, tomando banho no
convés de seus iates, podem ser surpreendidos por um maremoto chamado Acabou.
Somente a miopia social pode convencer alguém de viver sem investir na
credibilidade. Até nos relacionamentos interpessoais de a confiança é
essencial. Entre os casais, a casa cai sem confiança mútua. Uma pessoa
confiável é mais feliz porque obtém a colaboração das outras e não passa aperto
na convivência social porque todos já conhecem sua gratidão e sabe que não trai
ninguém nem age com avareza. Mas a maioria dos políticos brasileiros parece não
se importar em ser chamada de ladrão. E, ao mesmo tempo, rouba de si o próprio
futuro, rasga ou suja as credenciais que ganhou para defender o bem comum,
emporcalha a alma e pavimenta de espinhos um destino desastroso. Deus tenha
piedade desses malfeitores. Mas, principalmente e urgentemente, do nosso povo
que há muito sofre pela opressão desses poucos. Precisamos da Sua misericórdia,
Senhor, para restabelecer a nossa sorte.
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