A perigosa revolta popular é natural, mediante revelação de uma
grande injustiça, algum escândalo envolvendo o dinheiro público, uma violência
desmedida, qualquer fato que provoque comoção. Mas é preciso conter o ódio. É
necessário manter o equilíbrio porque estamos construindo uma sociedade justa e
não podemos, em nome disso, cometer injustiça. Precisamos ser piedosos uns com os outros. Não com o erro, jamais! Mas com as pessoas que erram,
devemos ter piedade e amar, querer o bem, desejar que se recupere, não que pague para sempre aquele pecado, porque Cristo nos ensina a perdoar. A
cadeia pode ser benéfica a quem precisa tomar consciência, arrepender-se e se
corrigir, principalmente quando o ato é de desonestidade, e ainda mais com graves consequências para a sociedade e o futuro de uma nação. Mas não uma multidão destilando ódio, fazendo chacota, humilhando, aumentando o peso do fardo. Esse tipo de
ataque, quando a punição é além do merecido, só acirra a resistência e amplia o sentimento de “vitima” do transgressor,
ajuda-o a continuar cego. Apenas o perdão tem o poder transformador, capaz de
abrir os olhos do pecador (no amolecer do coração) e produzir o arrependimento
sincero. Todos nós seres humanos somos vulneráveis ao pecado e o mínimo ato tem
a capacidade de nos cegar. Os passos seguintes, por ausência de visão, se não
houver ajuda, nos levam direto ao precipício, sem que percebamos. Quando alguém
é flagrado por outros no pecado e não reconhece o erro, permanece cego, e é
natural que se faça de vítima. Por isso também devemos ter piedade. Jesus
Cristo, pendurado na cruz do calvário, em pleno sofrimento, sob humilhação,
disse ao Pai “perdoe-os porque não sabem o que fazem”, referindo-se aos seus
algozes. E que crime poderia ser considerado pior do que esse, de matar o próprio Deus? Ele fez isso para nos ensinar. Devemos assimilar discernimento de quem
sabe de todas as coisas, imitar a sua conduta, e não apenas admirar como se
estivesse fora do nosso alcance. Cristo veio ao mundo também para servir de
exemplo e, para isso, esvaziou-se de si e se fez homem. Se não conseguimos ter
esse nível de discernimento, de separar o pecado do pecador, de detestar o
erro, mas amar a quem o comete, corremos o risco de nos odiar a nós mesmos.
Porque também somos pecadores. Se por um lado estou feliz pelo avanço da
democracia brasileira, em que são condenados por corrupção alguns
dirigentes de um partido poderoso, no poder há 12 anos, por outro lado fico
triste de ver atos impiedosos (imitando abutres) de muitas pessoas que parecem querer tirar lascas de moribundos. Temos que lembrar que esses
prisioneiros são bodes expiatórios. Porque se fosse realmente fazer justiça não
existiria suficiente espaço carcerário no Brasil. De qualquer maneira, que a cena
triste de pessoas sendo presas sirva de exemplo para que os políticos desta
amada Pátria tomem consciência. Para que os jovens acreditem que o crime não compensa e digam: principalmente no Brasil!
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