A atividade política tem sido vista como uma espécie de
universo em que a astúcia impera sobre a ética, e o respeito é sucumbido pela
cobiça. No Brasil, a política é tão execrada pela sociedade que muitas pessoas
evitam participar para não perderem sua boa reputação, não apenas com medo de calúnias em
disputa, mas com verdadeira fobia de se deixar corromper, tão forte é a ideia da
lama que assola a atividade. Com isso, como temia Luther King, somos
ensurdecidos pelo silêncio dos bons. Mas há um equívoco que sustenta essa
realidade indesejada, achar que qualquer pessoa cairá nas armadilhas do poder.
O ponto delicado que determina as ações e a postura do homem público está na autenticidade
de sua motivação. O homem ou mulher que, por vaidade ou ambição pessoal,
ingressa na política é normalmente tragado pela tentação de manipular as
pessoas para a realização do seu desejo pessoal. Nessa empreitada em que a
ética não é prioridade, percebem-se artifícios diversos que vão de falsos
discursos à prática de corrupção, na disputa de liderança e no seu exercício. A
motivação genuína, ao meu ver, é quando há uma inquestionável vocação, mostrada
pelo amor e respeito ao próximo, ingredientes indispensáveis a um líder e que
refletem obediência, ou, temor a Deus. Povos que tiveram líderes autênticos,
quanto mais foram marcantes suas histórias, adquiriam uma confiança na ética e
na sociedade, o que frutifica um forte espírito de cidadania. O Brasil é
carente de bons líderes na sua breve história e os sucessivos escândalos estimulam
o povo a desacreditar na virtude, impelindo a Nação a uma péssima imagem de si
própria, cristalizando cada vez mais uma cultura egoísta e desleixada com o que
é público. Tenho nutrido, contudo, a esperança de que estamos num momento especial,
em que tudo se converge para uma mudança de paradigma na política brasileira. O
povo tem dito “chega”, os governos têm relutado em ouvir e acatar. Mas temos
eleições no ano que vem e podemos sonhar.
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